Para mudar um tantinho de registo…
Este é em português e li-o ontem. Valeu a pena.
Rezam as críticas que Paixão numa noite de Inverno é “um romance formoso, com uma história de amor bonita e um desenlace curioso que, certamente, irá apelar a um vasto leque de leitores, principalmente leitoras.” http://pedacinho-literario.blogspot.pt/2011/10/paixao-numa-noite-de-inverno-eloisa.html. Concordo.
Lembram-se, com certeza da Mrs. Bennett (Orgulho e Preconceito). E da Miss Mary Crawford (Mansfield Park)? Então, se querem ver o que daria de um cruzamento entre as duas, leiam a Paixão e descubram o resultado em Lady Flora Selby. A mulher é um demónio! E tudo se desenrola como se desenrola devido à sua mania de querer casar a filha com um duque e que as senhoras da alta sociedade não fazem coisas que as outras mulheres fazem e por isso é bom que o seu, recente e rico, genro arranje uma amante para não incomodar a sua linda, obediente e ingénua filha com requisitos conjugais. “A pobre Perdita fez um excelente trabalho a servir os seus desejos descontrolados.” DAH!!! Com um homem como o duque John Fletcher, quem não quereria?
Mas a história tá bem engendrada. Tem uma narrativa engraçada e uns percalços giros e até tem interesse científico. Os naturalistas vão achar muito engraçado. Foi das poucas vezes em que li um livro onde a heroína não se resignava ao facto de ser “dondoca” apesar das influências nefastas da mãe e onde se desenvolve um verdadeiro gosto por “coisas curiosas da vida”.
Gostaria, contudo, que o Villiers e a Charlotte tivessem sido mais desenvolvidos. São cá dois muito divertidos e sarcásticos.
Outra coisa que gostaria de ter visto era o desenrolar da mãe depois do facto consumado. Ou seja, do regresso da filha ao matrimónio. Teria sido giro e não tão pronto. Mas não se pode ter tudo. De qualquer das forma, li-o em cerca de 4 horas, daí que seja uma leitura leve e engraçada. Recomendo para dias mais leves.